Continuamos a contar com as vossas participações.
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"Um carrocel que enreda a mente numa teia de torpor para depois a desfazer.
Inútil.
A palavra assombrava-o e perseguia-o para onde quer que fosse, assombrá-lo-ia e persegui-lo-ia para onde quer que fosse. Tinha sido um Verão, tinha sido uma metáfora, tinha sido uma mulher. O que importava isso agora? O que lhe devia importar agora? Não sabia.
Inútil.
“Um fósforo sem cabeça é um mero palito”, pensou, sorrindo.
Porque tinha de ser assim, todo este drama? Porque tinha ela de o deixar a pensar nos eternos erros que podia ter cometido? Porque tinha ele de a deixar a correr com as lágrimas cristalinas a caírem pelo chão negro de asfalto?
Inútil, tudo isto era inútil.
Ele lembrava-se do primeiro momento em que sentiu o fim. Estava deitado na relva húmida, olhando para um céu longínquo. Ela estava muito longe, e ele estava só. Nada se igualava àquele momento platónico em que vira o Verão. E, ao encará-lo de frente, percebeu que o fim viria cedo demais.
Inútil, como um fósforo ardido."
Erik Uriel Atmard
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Pode ler toda a história aqui.