Cristino Cortes nasce em Fiães, uma pequena aldeia perto de Trancoso. Reside em Lisboa desde 1971. É licenciado em Economia e a maior parte da sua actividade profissional tem decorrido no âmbito do Ministério da Cultura.
Para além da poesia, tem escrito contos, crónicas, e artig os de opinião em vários jornais e revistas. Participou em antolog ias, uma delas biling ue, em portug uês e francês, e foi responsável pela org anização de duas colectâneas, a última das quais sobre Pablo Neruda. Tem poemas traduzidos em diversas líng uas, nomeadamente em Espanhol, Francês ou Alemão. Estamos, portanto, perante um escritor com um vastíssimo percurso.
Em 2007 edita pela Papiro Editora o seu livro ViaMúsica de Via
Volvido um ano desde Música de Via
A primeira edição foi publicada em 1999 pela Universitária Editora. Era constituída ori
Esta 2ª edição é, como tal, uma versão revista e ampliada da edição ori
Do ponto de vista da análise estrutural, e apesar de se ter mantido a disposição inicial, esta edição comporta 24 novos poemas (perfazendo o total de 66) e um novo capítulo, intitulado «Diálo
Encontra-se dividido em sete partes ou conjuntos: «Amor» «Melodia», «Todos os dias», «Intermezzo», «Novas Teorias», «Diálo
Trata-se de uma obra extremamente completa, de um escritor por direito próprio. Sua vasta experiência nestas lides reflecte-se de forma inequívoca no ritmo, na cadência, na metáfora e na forma deste Poemas de Amor e Melodia.
Cristino Cortes serve-se, aqui, daquilo que vasculha no mundo e que se revela, para ele, incontornável objecto de inspiração:
— Fala-nos no amor e seus múltiplos objectos.
— Na mulher, objecto desse amor mas também de desejo, sua musa que insti
Beija o namorado a que não é sua
Assim a amando até ao dia se
Está no antes e por conse
Lhe cresce o sexo até no meio na rua
Depois é o triste re
As pernas quebrantadas pela tremura
Que lhe vem da interrompida ternura
— Ave que ao subir lhe caiu a asa! (…)
— Fala-nos nos dias da semana, batuta deste quotidiano rotineiro, simples e no entanto belo — porque Cristino Cortes possui a visão para descortinar a maravilha que jaz para lá da mera observação imediata ou imediatista. Eis um trecho de «Sexta-feira»:
É sexta-feira, é desde há muito o último dia
Dito útil no lon
Dura tanto como qualquer outro, diz quem sabe
Mas nele nasce e às vezes permanece a ale
— E fala-nos do poema, da poesia e seus poetas — como Herberto
Em suma, e citando o Prof. Dr. Luís Serrano, cuja crítica a este volume foi publicada recentemente num jornal de crítica e análise literárias:
«Tudo lhe serve para a escrita poética: um assunto de família que o comove, a televisão com o seu carácter perverso quando se opõe à lin
Ao que acrescenta:
«Poderíamos dizer, sem receio de errar, que o poeta está de sentinela 24 horas por dia, atento ao mínimo acontecimento, para dele dar testemunho (…) É esta consciência do ofício, séria e lúcida, que é indiscutivelmente credora do nosso respeito e admiração».
Permitam-me apenas que termine com um nota que, penso, ilustrar de modo inelutável a precisão, exi
Rainer Maria Rilke respondia, um dia, às dúvidas de um jovem poeta sobre se seria de facto um escritor (cartas que foram postumamente editadas) Disse-lhe, então, o se
«O senhor está a olhar para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Nin
Procure entrar em si mesmo. Investi
A Sua vida, até na sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde.»
Penso que é o facto de a escrita se impor a Cristino Cortes, e não o contrário, que faz dele um autor di
«Nunca discuti, nem jamais discutirei com quem quer que seja, o valor literário de uma obra minha». Não é para isso que aqui estamos, porquanto ele está bem à vista de todos nós.
Ana Lemos
Autor: Cristino Cortes
Títulos:
“Via
“Música de Via
“Poemas de Amor e Melodia” - Preço: €10,00