quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

TTRANSPARÊNCIAS DA ALMA - MONÇÃO












Foi na passada segunda-feira, 29 de Novembro, que a obra Transparências da Alma foi apresentada, às 10h30, na Escola Secundária de Monção e, às 14h30, na Escola EB2,3 de Monção perante salas cheias de alunos e professores.

Em Transparências da Alma, José Luís Cordeiro leva-nos ao seu íntimo e revela-nos, sem medo, as suas inquietações. Aqui a palavra chã do autor são os sentimentos; foi com eles que o autor escreveu este livro.

Estes poemas são poemas com gente dentro — o autor fala-nos de si, da sua mãe, do seu pai, e da(s) mulher(es) amada(s).

Poemas como “Louco Instante” ou “Sou Corpo Nu” são viagens concupiscentes, em que o Eu poético, em apaixonado delírio, revela o seu desejo pela mulher amada.

Com verve, José Luís escreve também acerca do peso do tempo — uma constante nos seus poemas ¬— assim como da solidão e do medo de envelhecer.

O autor recorda também a infância, talvez o tempo perfeito, o tempo absoluto:
“Vou contente para a escola/ E levo a bata branca vestida (...) Abraço o pescoço da minha mãe (...) invejo-lhe a paciência que ela tem.”

“Mãe! / Tenho medo do escuro/ E a luz do fundo está apagada” são versos de outro poema em que o Eu poético conversa com a mãe e mostra-se desiludido com a vida e com o mundo. “Afinal a vida não é tão boa como me ensinaste/ Porque é que não me pariste no paraíso?”, interroga.

Em “O Mar em mim” lê-se: “Nas tardes em que a solidão me acompanha/ não sei o que é a vida ou o que é a fuga (...)” — aqui está mais uma vez patente o lugar solitário do Eu poético.
“Circundo este tempo que sou eu” é um verso do poema “Em redor de mim”. Nele apercebemo-nos da sua vontade de vencer o relógio, de ser ele a decidir qual o seu próprio tempo porque a falta deste atormenta-o. E exemplo disso é também o poema “Eu”:

“Corro inquieto
Como se o amanhã fugisse de mim
(...) Não vejo tempo para tudo o que quero
Não encontro água para o tamanho da minha sede (...)”

Transparências da Alma é um livro de alguém que continua à procura de si mesmo, e que, como todos nós, busca também o amor.

“Eu não sei nada do mundo
Nem sei neste mundo viver
Mas se algum dia descobrir quem sou
Então estarei pronto para morrer.”

(do poema “Ignorante, eu sou”)